Das festas em honra de Nossa Senhora da Saúde que decorreram em Valpaços durante a primeira semana de Setembro, culminando, como já vem sendo hábito, no primeiro sábado do mesmo mês, retive a imponente Procissão que conseguiu reunir milhares de crentes e menos crentes, enchendo as ruas e avenidas da cidade por onde passou no seu percurso até ao Santuário. O resto, até pela subjectividade da análise, prefiro não comentar.
E porque as imagens falam mais e melhor que muitas palavras, deixo aqui a selecção de algumas das dezenas de fotografias que consegui captar dessa majestosa Procissão que, insisto, terá feito esquecer toda a parte profana das festas deste ano.
A Banda de Valpaços, é claro, recomenda-se.
Para o ano há mais...
Ruas iluminadas, gente quanto baste, ruído de motoretas conduzidas por gente pouco audaz incomodativo, e nós pimba...
Valeu a Igreja Matriz que, do alto dos seus duzentos anos de vida, se mostrou um pouco mais bonita a atraente durante a noite.
É verdade que ainda restam algumas aldeias do concelho que, resistindo a um certo tipo de mudança e, nomeadamente, pretendendo manter a tradição de antanho, continuam, - o seu povo, bem entendido - a venerar, ou melhor, a fazer a festa anual em honra do ou dos seus santos no dia ou no fim de semana que mais se aproxima desse dia que o calendário litúrgico estabelece qomo o seu - do Santo, claro. Estou a lembrar-me, por exemplo, de Valverde. Aqui ainda se faz a festa em honra de S. Brás no dia 3 de Fevereiro e a que honra a Senhora do Carmo a 16 de Julho. Haverá outras localidades que têm igual procedimento. Esta, talvez por me estar mais próxima, apesar disso, surgiu aqui somente como exemplo.
As festas passaram, então, e de há uns anos a esta parte, a ter lugar, na maioria das nossas adeias, durante o mês de Agosto, o que, em muitas situações, fará com que haja sobreposições que, pelo menos, tirarão algum brilho e muita gente forasteira a mas e outras.
A razão, sabêmo-lo, tem a ver com o facto de os residentes quererem não só dar continuidade a essa tradição da festa anual, razão suficiente para convidar familiares e amigos que, quantas vezes, só nesta época e desta forma se podem comunicar em presença mas, sobretudo, por ter havido quem, num qualquer sítio se tenha lembrado de dar o tiro de partida no sentido de, neste mês e com a festa da aldeia homenagear aqueles que a vida obrigou a procurar outros países para sobreviver. Esta poderá ser uma das formas de a diáspora valpacense marcar as suas férias para esta altura. Perdeu, é claro, a Senhora da Saúde que, como se tem costatado, vai perdendo, para além de outras coisas, a presença habitual de tantos emigrantes.
Ora, um destes dias passei por uma festa que, por sinal, até pertence àquelas que homenageia o seu padroeiro no próprio dia. De facto, os habitantes de Vale de Espinho, essa pequena aldeia da freguesia de Argeriz, a escassos sete quilómetros de Valpaços, não se importou que o dia de S. Luís fosse uma quinta-feira e fez mesmo a festa nesse dia. Merece, portanto, esta gente laboriosa de Vale de Espinho que aqui deixe um pequeno aspecto da sua festa deste verão, consubstanciada nalgumas fotos da sua procissão.
No ano em que este monumento da religiosidade valpacense comemora os seus vetustos duzentos anos de vida, vei mesmo a calhar que um amigo flaviense (Humberto Serra, que podem visitar no blog Chaves Antiga) me tivesse enviado este retrato da Igreja Matriz quando tinha menos uns anitos de uso pelos fiéis do burgo.
Pois, esta foto foi tirada exactamente em 1956, infelizmente desconheço o autor, mas dá para ver como ainda havia quem fosse buscar água ao chafariz, com o cântaro, para satisfazer as necessidades domésticas. Hoje, ao que se sabe e vai podendo constatar, quantas vezes nos é impedido esse acto de, pelo menos, nos podermos dessedentar com a frescura desse precioso líquido que teima em continuar a correr a jorro nas duas bicas do chafariz: é que, pelos vistos, há actualizações que levam a algum tipo de alteração destas coisas e, de quando em vez, as análises vão indicando que nem sempre a água oferece condições para ser ingerida sem consequências para a saúde.
Afinal, o tema não pretendia nada ser o da água mas, outrossim, a nossa Igreja Matriz e, este post que hoje aqui deixo será como que a minha primeira homenagem a esse monumento que os de antanho ergueram para que os católicos aí pudessem fazer as suas preces.
De vez em quando damos conosco a fazer algumas cogitações e, por associação de ideias, acaba sempre por vir à lembrança algo que, de outra forma, não seria lembrado nesse momento.
A verdade é que com a aproximação das festas em honra da Senhora da Saúde - as festas da cidade e do concelho, como gostam de lhe chamar - me lembrei da pequena capela que, durante cerca de uma centena de anos, serviu a preceito para as celebrações religiosas deste evento e que, há não muitos anos, se viu ensombrada por um mamarracho a que chamam santuário e com o qual alguém pretendeu substituir a modesta mas muito importante capelinha.
Pois bem, ontem, dia das festividades em honra de uma outra venerada da região, a Santa Comba, na serra do mesmo nome, ontem, dizia, fez exactamente 110 anos que foi iniciada a construção da capela que a fotografia documenta.
Na obra de Valbel (Joaquim de Castro Lopo), O Concelho de Valpaços (1954), pode ler-se: "Eleita, naquele dia, 24 de junho de 1897, uma comissão organizadora da nova confraria (Confraria de Nossa Senhora da Saúde), no dia 25 do mês seguinte arrematou-se a construção da capela, acnhado edifício que nada tem que o recomende, e dia 8 de Agosto assentou-se com solenidade a primeira pedra dos seus alicerces".
O lugar escolhido foi numa pequena elevação onde,eventualmente, terá existido a povoação de Valpaço-lo-Velho que para fugir a uma praga de formigas se terá visto obrigada a abandonar definitivamente o local e a procurar solução para a sua sobrevivência um pouco mais a oeste, no sítio que hoje constitui o casco da actual Valpaços.
Tudo teve a ver com o facto de haver uma antiga tradição com base na qual a mãe de Cristo teria aparecido nesse sítio, associado ao aparecimento de uma inscultura numa das fragas do local que o citado autor interpretou como "Pé de Senhora", "Pegada da Senhora" ou "Pes Dominae Salutis", relacionando-a com a tradição da invocação de Maria.
A partir de 1898 passou a festejar-se Nossa Senhora da Saúde, anualmente, noprimeiro domingo de Setembro, sendo que, há uns anos a esta parte, o dia da festa passou a ser no primeiro sábado de Setembro de cada ano.
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