Como qualquer cidadão de bom senso que se preze de intervir civicamente para, com o seu maior ou menor contributo, ajudar ao desenvolvimento da terra onde vivemos, tenho defendido a preservação do património construido que mereça manter-se ou ser restaurado, desde que, obviamente, lhe seja reconhecido valor histórico suficiente para não ser meramente destruido ou substituido por algo que, como em tantas situações, em vez de nos colocar perante uma situação estética mais agradável, desvaloriza a edificação anterior e fere a vista de quem gosta de observar mais atentamente o que o rodeia.
Vem isto a propósito de, na Rua Marechal Carmona, exactamente onde cruza com a Avenida Eng..º Augusto Castro Saraiva, ter existido um edifício, pertença da família Castro que, na década de oitenta do século passado, foi vendido ao Banco Pinto & Sotto Mayor, que aí fez erguer um novo edifício no qual instalou a sua agência local.
Mesmo tendo em conta que a casa então demolida não tinha qualquer interesse arquitectónico, o que me leva. então, a trazer aqui o espaço onde um qualquer banco exerce a sua actividade?
Pois bem, se nessa casa funcionou, por exemplo, o consultório do senhor Doutor Afonso Videira, falecido pai do nosso médico do mesmo nome, também aí era o lagar de azeite da família (nesse tempo ainda não tinha sido criada a Cooperativa). E até se conta a história do dia em que o bisavô do Gaspar Borges se ter dirigido aos trabalhadires que andavam na safra do azeite perguntando se ainda não tinha chegado o Leitão, tendo os homens intuído que iriam comer exactamente um prato desse bichinho ao jantar (nesse tempo, é bom recordar, os proprietários davam de comer aos seus trabalhadores agrícolas). Mas qual não foi o espanto quando se deram conta de que, a certa altura, surgiu perante eles o Major Parada Leitão que, afinal, não tinha nada a ver com o pitéu que já lhes fizera crescer água na boca. Tiveram, então, que se contentar com uns chicharos e umas alheiras e já não foi nada mau.
Mas, se o edifício construido no lugar onde antes foi um consultório e se produziu azeite fosse um qualquer edifício, certamente, não valeria a pena perder algum tempo a tratar dele desta forma. De facto, o dito banco não entregou a obra a qualquer e, por isso, podemos honrar-nos de Valpaços possuir uma construção projectada e construida por uma empresa de arquitectos do Porto que, pelo seu valor estético, foi galardoada com um prémio da Associação dos Arquitectos Portugueses no ano de 1984. Já agora, aquio fica o nome: Gabinete de Urbanismo, Arquitectura e Engenharia, Lda..
Foi já nos idos de oitocentos que o governo monárquico fez jus à necessidade de ligar alguns dos concelhos transmontanos através de rodovias, então em "macdame", mas que, ainda assim, não deixavam de servir os interesses das esquecidas populações do interior norte - é claro que qualquer semelhança com os esquecimento a que hoje estão votadas estas gentes é, obviamente, pura coincidência).
Efectivamente, o plano rodoviário desse tempo contemplou a região com uma ligação que partia de Chaves e haveria de chegar a Vila Flor, num percurso de aproximadamente oitenta quilómetros (hoje, de facto, um pouco menos).
Pelo caminho, rasgou o concelho de Valpaços, no sentido Norte-Sul, desde o termo de Mosteiró de Cima até aos Leirós, servindo várias aldeias do concelho e penetrando no centro da então vila de Valpaços, propiciando, desde logo, uma ligação mais rápida aos concelhos vizinhos e, naturalmente, permitindo o escoamento dos produtos locais e o natural desenvolvimento destas terras.
Salvo melhor informação, só na década de quarenta do século passado terá sido contemplada com a colocação de asfalto, e a primeira beneficiação que merece referência aconteceu já nos anos que sucederam ao 25 de Abril, sobretudo, com a construção da variante a Vilarandelo que acabou por evitar que o transito se fizesse pelo centro desta nóvel vila.
Mas, o mais importante estava para acontecer. É que vai fazer um ano a breve trecho, foi inaugurado um troço, completamente novo, que liga Valpaços ao IP4, à entrada de Mirandela, encurtando significativamente a distância entre as duas sedes de concelho transmontanas e diminuindo drásticamente o tempo de percurso entre as duas cidades. E, sendo certo que a ideia era a de conseguir benefícios sobretudo para os valpacenses, que, obviamente, poderiam ver aqui uma forma de trazer investimento e criar emprego para fixar alguam população, a verdade é que quem, para já, ficou a ganhar foi Mirandela, para onde os valpacenses passaram a correr, talvez por a atractividade ser maior desse lado. Creio que, mais uma vez, acabámos por cair num logro.
Ora isto vem exactamente a propósito de termos sido surpreendidos com os placards que informam sobre o início das obras de beneficiação do trço da EN 213 que liga a Chaves e que a Câmara já havia anunciado seriam iniciadas em Abril passado, encurtando, também aqui, a distância que separa as duas cidades. A verdade, mais uma vez, é que não irá passar de uma pequena rectificação, mantendo, no essencial,esse traçado sinuoso que uns milhares de condutores vão continuar a fazer todos os dias. E será verdade também que vamos continuar a ficar, pelo menos para já, muito longe da auto-estrada.
Vamos ficando com as placas, que já não é nada mau.
. XXIII ENCONTRO DE FOTÓGRA...
. ...
. VALPAÇOS - PASSEIO LAGARE...
. É NATAL
. Meu outro blog
. riolivre
. Fragas
. Valpaços - páginas e blogs
. Bouçoães
. Cousas de Antanho (Vilarandelo)
. Futsal
. Grupo Desportivo Terras de Montenegro
. guritas
. Lebução
. Paradela
. Pedome
. Rio Bom
. Vassal
. Vale a pena espreitar