Domingo, 5 de Julho de 2009

Valpaços campestre - Ermidas

 

Quem circular pela estrada nacional 103 no sentido Chaves - Vinhais, após o cruzamento que, imediatamente a seguir a Lampaça, indica Valpaços, por Bouçoães e Sonim, constata que a via ganha um perfil cada vez mais inclinado em direcção à ponte de Rebordelo, sobre o Rio Rabaçal.

 

Ora, exactamente na zona da N103 que não foi intervencionada, isto é, onde o número de curvas passa a ser bastante maior que no troço anterior, se olharmos à nossa direita, deparamos com um pequeno povoado, anichado entre um pequeno vale e um outeiro atrás do qual serpenteia o Rabaçal cujo curso, não muito longe daqui, é sustido por uma das mini - hídricas que a Câmara Municipal ajudou a promover em parceria com privados.

 

Trata-se. nem mais nem menos do que da pequena aldeia de Ermidas, uma das anexas que compõem a freguesia de Bouçoães.

 

 

A população é constituída por cerca de doze pessoas, praticamente todas idosas. O casal mais jovem, que ronda os quarenta anos de idade, está emigrado, que a vida por estes lados está cada vez mais difícil, e os dois filhos, a estudar no ensino superior, não poderiam fazê-lo se não procurassem melhor forma de sustento na estranja. A senhora Antónia, mãe do emigrante, e a senhora Maria, irmã da primeira, ambas tisnadas pelos invernos e verões de canseiras que os seus mais de oitenta anos ainda lhes dão, são duas das poucas pessoas que ainda vão resistindo por estas paragens, protegendo-se da canícula à sombra de uma vetusta oliveira à entrada do núcleo da aldeia.

 

 

A senhora Maria, do alto dos seus 84 anos (suponho que não me esqueci que foiesta a idade que me disse ter) lá foi desfiando o rosário das desventuras que a vida sempre lhes trouxe, desde logo porque nasceram e sempre viveram naquele sítio onde, para além da parca agricultura, nada mais tinham que as ajudase a sobreviver. A família, essa também está um pouco mais acima, em Vilartão. O pai, que era de Vilartão, na procura do sustento, ainda rapaz,  palmilhava o caminho que o levava até Ermidas para, aí, poder ganhar a jeira. Pretexto mais que suficiente para ali se enamorar de uma moçoila local com quem veio a constituir família. Por aí ficou e criou a sua prole, de que estas octogenárias fazem parte.

 

 

 

 

Aqui há uns anos a N103 sofreu uma pequena rectificação e, porventura nessa altura, alguns dos marcos quilométricos terão sido substituídos com o provável abandono dos inutilizados. E como o povo é criativo (a necessidade aguça o engenho) alguém se terá lembrado de dar melhor utilidade a um dos ditos marcos. Se calhar, como é costume em tantas situações, a Junta de Freguesia, ou a própria Câmara Municipal, prometeram que os os locais teriam direito a um fontanário onde pudessem abastecer-se de água potável. Provavelmente,  a promessa não chegou a ser cumprida e, então, houve que adaptar o tal marco quilométrico e, como que por magia, aí estava o fontanário com a água a correr. Contudo, eu já o vi somente a pingar e sem a presumível torneira. Afinal não são somente as pessoas que vão envelhecendo por estes lados. Também os  equipamentos colectivos parecem terem acabado o seu ciclo de vida e acompanham a própria aldeia nesta espécie de morte lenta que a levará a, mais tarde ou mais cedo, ficar sem ninguém.

 

 

Mas, apesar de não ter população que, digamos lhe dê a vida que mereceria, Ermidas tem uma capelinha, erguida em honra de Santa Rita que, todos os anos, no primeiro domingo de Outubro, acolhe centenas de romeiros que ali se deslocam para cumprirem as suas promessas...

 

 

 

... e/ou para se divertirem na romaria que, com as imensas esmolas que os romeiros depositam, os locais promovem em cada ano, num espaço que se foi tornando cada vez maior com a aquisição de terrenos que lhe eram contíguos. Talvez porque o povo é pequeno e não tem onde receber tanta gente, aqueles que demandam esta festa trazem sempre um bem recheado farnel, que o dia é longo e o estômago pede alimento. Daí que esta festa do nosso concelho seja conhecida exactamente pela Festa das Merendas.

 

 

 

publicado por riolivre às 23:10

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Terça-feira, 10 de Março de 2009

Valpaços Campestre - Rio Bom com Página na Net

 

 

A propósito de uma Caminhada que as dinâmicas gentes de Rio Bom , em conjunto com o Rotary de Valpaços, programam e  cujo conhecimento me foi dado pelo Amigo Engenheiro Taveira Pereira, fiquei a saber da existência de mais uma página valpacense na Internet.

Não podia, por isso, deixar de saudar aqui este nascimento, dando os parabens a essa humilde e trabalhadora gente da Montanha e, naturalmente, àqueles que tiveram a ousadia de fazer chegar Rio Bom a todos os cantos do mundo.

E o mínimo que poderi fazer era, exactamente, disponibilizar o acesso a esta página colocando o respectivo URL aqui nos links do blog.(www.festasriobom.com/)

 

publicado por riolivre às 23:16

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Domingo, 27 de Abril de 2008

Valpaços campestre - Lilela

 

Neste tempo de primavera, mesmo com todas as alterações climáticas que se vão fazendo sentir, o nosso concelho veste-se de um conjunto vasto de tonalidades de verde, desde a das oliveiras, à das amendoeiras ou à do centeio que alguns ainda vão teimando em semear. Mas, essa paleta com que a natureza nos brinda, é salpicada, aqui e ali, por extensões maiores ou menores da alvura que a giesta branca nos proporciona. E se grande parte dos verdes tem muito a ver com um dos aspectos mais positivos da humanização da paisagem, o branco das flores das giestas já tem a ver somente com a própria natureza.

Neste caso, contudo, temos oportunidade de observar uma simbiose quase perfeita que o homem conseguiu estabelecer entre si próprio, a flora local e esse insecto que tanto medo mete quando se aproxima mas que, com todo o seu labor, nos proporciona um produto que muito apreciamos e que, cada vez mais, se vai constituindo como mais uma forma de criar valor acrescentado para as populações locais. Trata-se, obviamente, das abelhas e do mel que elas próprias produzem com tanto labor e sabedoria.

publicado por riolivre às 23:17

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Quarta-feira, 24 de Outubro de 2007

Valpaços campestre - Cachão

 

O Padre João Vaz de Amorim, um flaviense de Vilela do Tâmega que dedicou uma boa parte da sua vida à descoberta da história de muitas das aldeias dos concelhos de Chaves e Valpaços, diz que, em 1943, havia um conjunto de doze fogos nesta pequena aldeia a que deram o nome de Cachão, talvez por se situar bem próxima da confluência do rio Calvo com o Rio Rabaçal que, de inverno, corre bem cheio fluindo as suas águas a velocidades alucinantes e levando tudo pela frente.

Pois bem, este pequeno povoado, pertença da freguesia de Poçacos, ali a escassos três quilómetros, no início da década de noventa do século passado já era habitado somente por dois irmãos que, para continuarem a sobreviver, tiverão, então, que o abandonar e rumar até aos Poçacos onde, apesar de tudo, poderiam conseguir uma melhor qualidade de vida. É curioso que a SIC fez, nessa época, uma reportagem sobre a aldeia e, naturalmente, um dos protagonistas é exactamente um desses resistentes.

De facto, a partir daí, o Cachão transformou-se em mais uma das aldeias do concelho de Valpaços a perder toda a sua população dando, desta forma, mais um grande contributo para o tão propalado como indesejável despovoamento do concelho e, de forma mais lata, da Trás-os- Montes.

O Cachão foi habitado por várias famílias ds quais merecem referência especial a dos Ribeiros, que se disseminou sobretudo por Valverde, Poçacos, Vimioso e Lisboa, sendo figura destacada um dos seus filhos, o Coronel Ribeiro. A família Esteves, cujo chefe era conhecido por Badeo, não tendo, porventura, a mesma importância dos Ribeiros, viva porta com porta e dedicou-se à actividade prestamista, tendo conseguido um notável património sobretudo na então vila de Valpaços. Dela resultou um filho muito conhecido por ter concluído o curso de medicina e se ter radicado em Chaves, onde exerceu o seu mister com muita eficácia. Trata-se, como facilmente se recordarão, do saudoso Dr. Espirito Santo Esteves.

Voltarei ao Cachão noutra oportunidade.

publicado por riolivre às 17:03

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